quinta-feira, 7 de julho de 2011

Válvula de escape




Os olhos abrem e se fecham porque a janela do quarto ficou aberta, e aquela luz era uma merda. A porcaria do despertador, que deveria ter tocado só em duas horas mas tocou em dois segundos, a fez perceber que o braço ficou embaixo do corpo e agora é como se tivesse sido amputado. Ainda estava de calça jeans e sem blusa. Olhou pro teto e pro outro lado da cama e agradeceu por estar na sua cama, na sua casa e sozinha.
"Tem que levantar, tem que levantar. Fazer o que."
No banheiro olhava no espelho, mas nem percebia a propria imagem, tentando lembrar como tinha chegado em casa e o que tinha acontecido mesmo?
A lente escura dos óculos ajudavam pelo menos a disfarçar a dor de cabeça latejante. Os olhos ainda borrados de rimel por conta da imensa inércia que a possuia (não sabia de onde tinha tirado forças pra se trocar e escovar os dentes) e o estômago embolado, pronto pra esvaziar (de novo) a qualquer movimento mais brusco.
- Bom dia!
A vontade de mandar um "Bom dia pra quem?" bem educado, pra perceberem que não é dia de conversa. Mas é pensar demais, se esforçar demais.
- Bom dia.
Antes mesmo de tomar o seu grande kit aspirina + café + (muita) água, olhou praquela pilha de papéis, praquela bagunça que estava sua mesa e se irritou. Se irritou com o quanto não queria estar lá, com o quanto não queria resolver problema nenhum. Estava naquela situação deplorável justamente porque queria esquecer os problemas. Funcionou na hora, mas agora se lembrava de todos os problemas e não tinha quase nenhuma memória da noite anterior.


José, seu lindo. Essa é pra você, meu companheiro de todas as noites mas que, infelizmente, pega mal se estiver comigo durante o dia.

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