domingo, 4 de setembro de 2011

As coisas

Eu tinha um diário quando eu era mais nova. Na verdade eu tive vários diários desde quando eu me entendo por gente. Mas tinha um que era especial. Ele era todo colorido, com as páginas cor-de-rosa que tinham um cheirinho bom que agora me lembra a cidade em que eu morava na ocasião. Eu escrevia coisas bobas de menina como os meninos que eu gostava, as brigas que eu ouvia meus pais tendo ou o que eu queria de aniversário. Coisas estúpidas que parecem tão grandes quando se é nova. E eu lembro que tinha uma lista que tinha o título de "MINHAS COISAS" que era como um catálogo com tudo o que me pertencia. Minhas Barbies, meus bichinhos de pelúcia, meus CDs do Backstreet Boys, Spice Girls, Britney Spears, minha coleção de tiaras, um cartão postal que meu pai trouxera sei lá de qual país.
Mas agora eu já vivi um pouco e eu acho estranho pensar em coisas que me pertencem. Essas coisas nunca realmente serão minhas. Possessões vem e vão. Elas são encontradas, perdidas, deterioradas ou perdem seu valor. Até mesmo sentimentos vão embora eventualmente. Histórias que foram tão reais quanto qualquer coisa daquela lista e que agora são só velhas memórias guardadas em uma caixa.

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